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A psicanálise e a terceira posição: convulsões sociais e atrocidade

Resumo

Atualmente, muitas situações caracterizam-se pela rutura da ordem e da estrutura, deixando as pessoas à mercê de forças desorganizadas (máquinas de guerra, traficantes de seres humanos, etc.), o que tem como consequência a desumanização de pessoas comuns em larga escala, especialmente no domínio dos refugiados. O artigo centra-se na forma como  discursos alienantes sobre o "trauma" e a negligência das sociedades em relação às pessoas traumatizadas aumentam o sofrimento e têm graves consequências para as gerações vindouras. Reflete-se sobre as formas como a psicanálise pode representar uma função mediadora em relação aos processos regressivos de nível individual, grupal e social. É desenvolvida a conceptualização de uma terceira posição a partir da qual a psicanálise pode trabalhar. A terceira posição é vista como inevitável no trabalho clínico psicanalítico, na medida em que a simbolização e o trabalho de elaboração devem estar ancorados num discurso cultural comum. Propõe-se um modelo para repensar a traumatização que desenvolve a conceção da terceira posição em relação a um campo mais amplo e engloba as relações do sujeito numa relação diádica, corporal e afetiva, em relações com o grupo e a família, e em relação com a cultura e  discurso. Este modelo pode servir de base para a compreensão de como atrocidades, catástrofes sociais e  traumatização coletiva podem ser trabalhadas a nível individual e social. São apresentados exemplos clínicos para iluminar estes processos.

Palavras-chave

traumatização, terceiro, corpo, grupo, discurso

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Biografia Autor

Sverre Varvin

Psiquiatra, Psicanalista didata da Sociedade Psicanalítica Norueguesa, Professor emérito na Universidade de Oslo, pela qual se doutorou com a tese intitulada Mental survival strategies after extreme traumatisation.Vencedor do The Sigourney Award, que reconhece contribuições significativas para o campo da Psicanálise.


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