https://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/issue/feedRevista Portuguesa de Psicanálise2024-02-16T12:39:22-05:00Jorge Câmararpp@rppsicanalise.orgOpen Journal Systems<p>A Revista Portuguesa de Psicanálise (RPP) é a publicação científica oficial da Sociedade Portuguesa de Psicanálise (SPP) e sua propriedade jurídica e intelectual.<br />eISSN: 2184-0016 | ISSN: 0873-9129 | ERC: 108631</p>https://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/167Rodas de conversa com adolescentes2023-10-31T06:04:04-04:00Cláudia Yaísa Gonçalves da Silvaclaudia@psico.lifeIvonise Fernandes da Mottaivonise@usp.br<p>Adolescentes em situação de risco pessoal ou social podem ser temporariamente encaminhados a instituições de acolhimento, como medida protetiva. O acolhimento institucional, ainda que seja um recurso de segurança, pode ter impactos ambivalentes no desenvolvimento emocional dos adolescentes. Este trabalho pretende divulgar uma pesquisa realizada com adolescentes do gênero feminino, residentes de um Serviço de Acolhimento Institucional para Crianças e Adolescentes, da cidade de São Paulo – SP, Brasil. Foram realizadas Rodas de Conversa temáticas com o intuito de conhecer a experiência emocional das participantes sobre o tema da esperança e da perspectiva de futuro sobre as próprias vidas. O material foi analisado pelo referencial teórico psicanalítico de D. W. Winnicott. Notou-se que o distanciamento social imposto pela pandemia de COVID-19 contribuiu para o estado de apatia, desânimo e abalo da esperança nas adolescentes. Contudo, a partir das intervenções grupais, foi possível resgatar a esperança e as expectativas positivas quanto ao futuro, por meio do estabelecimento de uma relação de confiança entre as participantes e a pesquisadora. Compreende-se que a esperança, ainda que esquecida, ainda habitava as participantes e pela via da comunicação do grupo, foi possível reacender a possibilidade de acreditar e colocar em movimento os planos de vida.</p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Cláudia Yaísa Gonçalves da Silva, Ivonise Fernandes da Mottahttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/212Nota Editorial2024-02-16T05:32:49-05:002023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 https://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/183As cores do corpo2023-09-28T11:19:03-04:00Ângela Vila-Realangelavila-real@sapo.pt<p>A autora relaciona o papel do corpo na organização e coesão identitária com base na dinâmica e na subjectividade de três tipos de casos em que se colocam questões de género ou de adequação do self: indivíduos que pretendem mudar de sexo; indivíduos que, não se identificando com o género atribuído, não pretendem mudar de sexo; e indivíduos que, tendo sofrido de doença grave precoce, procuram desvalorizar o corpo. São abordadas algumas formas de compreender a relação entre o corpo e o género e colocadas algumas questões referentes à fluidez de género.</p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Ângela Vila-Realhttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/74-81Psicanálise e liderança num mundo transformado pela pandemia e pela guerra2023-09-18T13:32:55-04:00Sofia Figueiredoasrfigueiredo@gmail.com<p>Nesta entrevista falamos sobre a contribuição da psicanálise para a liderança. As dimensões emocionais da liderança nos últimos dois anos atingiram amplitude máxima com a pandemia em 2020. Se antes podia haver uma ilusão sobre a eficácia de uma liderança arrogante e autoritária, atualmente o que se deseja é uma liderança confiável, próxima e autêntica. Agora, os melhores líderes querem pensar na complexidade das emoções de outra forma, e não existe uma resposta certa, e isso é, ou está em vias de ser, reconhecido. É sobre liderança que falamos na entrevista com Kerry Sulkowicz, presidente da Associação Psicanalítica Americana. A entrevista foi realizada à distância, entre Londres e Lisboa, em março de 2022. De que são feitos os melhores líderes e como a liderança em tempos tão catastróficos de pandemia e guerra pode ser decisiva na sobrevivência do grupo.</p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Sofia Figueiredohttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/213«Despacio»2024-02-16T11:38:15-05:00Ana Belchior Melíciasamelicias@rppsicanalise.org2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Ana Belchior Melíciashttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/214Uma violência passional transgeracional2024-02-16T11:48:59-05:00Nadja Trögernadja.troeger@gmail.com2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Nadja Trögerhttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/215Eu agora era um menino de verdade2024-02-16T11:58:14-05:00Conceição Tavares de Almeidaconceicaotavaresdealmeida@gmail.com2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Conceição Tavares de Almeidahttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/216Ecoar2024-02-16T12:39:22-05:00Maria Emília Marquesemarques@ispa.pt2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Maria Emília Marqueshttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/186A descompasso2023-10-16T09:37:05-04:00Jorge Brucejbrucex6@gmail.com<p>O autor reflete sobre a identidade do psicanalista e sua relação com a noção de fronteira e a condição do estrangeiro. Se, por um lado, as fronteiras conferem limites e uma sensação de segurança, por outro, correm o risco de – se demasiadamente respeitadas – enrijecer a versatilidade do analista e a sua escuta. O autor faz a defesa de uma psicanálise que leve em conta o contexto social no qual está inserida (uma espécie de psicanálise antropofágica), podendo ser exercida para além dos limites do consultório e considerando a adaptação da teoria aos mais diversos estratos populacionais. Tece, por fim, comentários sobre racismo e psicanálise a partir de ilustrações clínicas.</p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Jorge Brucehttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/194A dinâmica inflamada da violência quotidiana2023-10-20T03:48:33-04:00Jhuma Basakbasak.jhuma@gmail.com<p>A autora defende que a dinâmica social contemporânea na Índia está baseada numa clivagem patológica entre mau e bom, certo e errado, "nós" e "os outros". Neste contexto, a empatia pelo sofrimento do outro desaparece e a indiferença é permitida socialmente, como um mecanismo de defesa ligado à sobrevivência. As mulheres são particularmente afetadas, sendo consideradas "o outro" cuja existência é negada, numa clivagem patológica entre a deusa idealizada e a mulher de carne e osso, que é humilhada. Por isso, a violência contra as mulheres é um aspeto preocupante do clima social da Índia hoje. Duas vinhetas clínicas são descritas para ilustrar este problema e as suas consequências na mente da mulher.</p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Jhuma Basakhttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/197Compreender e reagir precocemente ao trauma infantil2023-10-23T12:59:15-04:00Steve Maranssteven.marans@yale.edu<p>O autor aborda a aplicação dos princípios psicanalíticos nas situações de exposição à violência e ao trauma em muitas crianças afetadas por adversidades e questões sociais e de saúde púbica prementes. Segundo o autor os clínicos psicanalíticos estão em maior sintonia com o seu método quando aderem às tradições mais fundamentais de observar atentamente, esforçando-se por ver o mundo através dos olhos/experiência dos outros. Trabalhar na variedade de contextos em que as crianças em risco são atendidas proporcionou aos clínicos com formação psicanalítica a oportunidade de se aproximarem de fenómenos observáveis e em desenvolvimento que de outra forma não seriam vistos. Esta oportunidade levou ao desenvolvimento de novas opções para lidar com alguns dos resultados psíquicos e adaptativos de desafios esmagadores ao desenvolvimento progressivo e ótimo das muitas crianças afetadas por adversidades e situações traumáticas. Na situação de exposição à violência e ao trauma, a aplicação de princípios psicanalíticos também ofereceu às instituições e aos profissionais regularmente chamados e desafiados nas suas tentativas de responder às crianças afetadas alternativas ao afastamento/evitamento, que tão naturalmente ocorre face a situações esmagadoras de medo e desamparo. Foram utilizados e desenvolvidos recursos comunitários tais como o CFTSI, YCTSR e o CD-CP.</p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Steve Maranshttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/193A psicanálise e a terceira posição2023-10-19T10:10:02-04:00Sverre Varvinsvvarv@oslomet.no<p>Atualmente, muitas situações caracterizam-se pela rutura da ordem e da estrutura, deixando as pessoas à mercê de forças desorganizadas (máquinas de guerra, traficantes de seres humanos, etc.), o que tem como consequência a desumanização de pessoas comuns em larga escala, especialmente no domínio dos refugiados. O artigo centra-se na forma como discursos alienantes sobre o "trauma" e a negligência das sociedades em relação às pessoas traumatizadas aumentam o sofrimento e têm graves consequências para as gerações vindouras. Reflete-se sobre as formas como a psicanálise pode representar uma função mediadora em relação aos processos regressivos de nível individual, grupal e social. É desenvolvida a conceptualização de uma terceira posição a partir da qual a psicanálise pode trabalhar. A terceira posição é vista como inevitável no trabalho clínico psicanalítico, na medida em que a simbolização e o trabalho de elaboração devem estar ancorados num discurso cultural comum. Propõe-se um modelo para repensar a traumatização que desenvolve a conceção da terceira posição em relação a um campo mais amplo e engloba as relações do sujeito numa relação diádica, corporal e afetiva, em relações com o grupo e a família, e em relação com a cultura e discurso. Este modelo pode servir de base para a compreensão de como atrocidades, catástrofes sociais e traumatização coletiva podem ser trabalhadas a nível individual e social. São apresentados exemplos clínicos para iluminar estes processos.</p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Sverre Varvinhttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/176Noite das palavras2023-09-19T15:44:28-04:00Maria Antónia Carreirascastrcarreiras@hotmail.com<p>Este artigo, cujo título advém de um verso do poeta Paul Celan, aborda como os traumas colectivos abalam os fundamentos relacionais, intersubjectivos e sociais constitutivos da psique, atacando a matriz intrapsíquica representativa da díade empática “eu-tu”. Ora a ausência de possibilidade de diálogo entre o “eu” e o “tu” internos vai inviabilizar a simbolização da experiência traumática vivida e a constituição de narrativas, remetendo as vítimas de traumas colectivos para a “noite das palavras”. O trabalho clínico com estes pacientes exige “um terapeuta empático e apaixonado”, que potencie o cerzir da teia relacional eu-tu destruída e que, simultaneamente, reconheça a verdade histórica vivida. Mas o trabalho psíquico individual não é independente da memória e da elaboração psíquica colectivas, apoia-se nelas, alimenta-se delas (e alimenta-as). O sujeito que foi violentado no seu espaço interno e, também, no espaço comum e partilhado, não pode prescindir do reconhecimento e da inscrição, pela comunidade, do que realmente se passou. E o surgir, no tecido social, da polifonia de múltiplas narrativas, semelhantes e diferentes, mobiliza funções figurativas e representativas, tanto no indivíduo como no colectivo, para o que, informe e lacunar, parecia indizível.</p> <p> </p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Maria Antónia Carreirashttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/173A morte estava a bater à porta2023-09-15T11:46:12-04:00Melis Tanik Sivrimelistanik@yahoo.com<p>A destruição e a violência que aumentam no mundo trazem novas questões sobre a teoria e a técnica no campo da psicanálise. O objetivo deste artigo é discutir a importância da função de meta-contenção dos grupos de supervisão com psicoterapeutas que trabalham com vítimas de trauma. De modo a ilustrar este processo, são dados exemplos de um grupo de supervisão voluntário que se estabeleceu na sequência de uma série de ataques terroristas na Turquia. Eventos traumáticos, ocorridos no mundo externo e testemunhados nas sessões, podem criar obstáculos à capacidade de contenção do terapeuta, o que torna impossível pensar “debaixo de fogo” quando a morte bate à porta. Elaborando os sentimentos contraditórios da vítima de trauma e os mecanismos de identificação projetiva do grupo, um conhecimento mais aprofundado do paciente é alcançado e os pontos cegos do terapeuta são revelados. Se a díade terapeuta-vítima de trauma conseguir mover-se da ação para a simbolização, o processo terapêutico enriquece-se, o trabalho de luto é ativado, e em alguns casos os sintomas desaparecem e uma melhor adaptação ao mundo externo pode emergir.</p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Melis Tanik Sivrihttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/179An empty tomb at the heart of childhood2023-09-25T05:06:16-04:00Monica Horovitzmonicahorovitz@gmail.com<p><strong>Um túmulo vazio no coração da infância: Reflexões sobre a vítima e o seu grupo</strong></p> <p>Após a apresentação de um caso em que vemos como o horror invade a mente por não ser possível conter a experiência numa narrativa, a autora elabora uma fenomenologia psicanalítica do processo de vitimização pelo próprio ambiente que rodeia a vítima. Como resultado desta designação por parte do grupo, os aspetos subjetivos deste processo mantém-se escondidos.</p> <p>A condição de vítima não pertence ao sujeito. É o grupo ao qual a vítima pertence que designa ou não como tal a pessoa que foi sujeita a violência. Uma rutura catastrófica perturba os equilíbrios intrapsíquico e interpessoal e muda radicalmente a relação entre a realidade psíquica e a realidade social. Estas duas realidades diferentes fundem-se a um ponto que tanto na experiência do sujeito como na do grupo, instala-se uma confusão entre mundos externo e interno. Ansiedades arcaicas são então ativadas, albergando elementos psicóticos associados com desconfiança, a qual é produzida pela insegurança face à desintregração de referências estáveis. O perigo infiltra-se na mentalidade indiferenciada de grupo. Esta experiência, na qual nada de novo pode ser aprendido, reforça os aspetos omnipotentes e a ilusão de que é possível evitar qualquer forma de dor.</p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Monica Horovitzhttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/172Uma imagem vale mais que mil palavras2023-10-16T14:10:31-04:00Jorge Bouçajorge.bouca@gmail.com<p>A tatuagem está presente na história Humana há, pelo menos, 4000 a 2000<br />anos. A evolução da sua utilização ao longo do tempo é marcada por múltiplas<br />significações decorrentes do contexto social. A descoberta da fotografia no século XX,<br />assim como as mudanças culturais, sociais, políticas e económicas ocorridas na segunda<br />metade do século XX e no século XXI, transformam radicalmente a visão e filosofia da<br />utilização do corpo. A tatuagem adquire uma nova dinâmica como fonte de expressão<br />de um mundo moderno onde a subjetivação se torna difícil, numa relação íntima sem<br />tempo. A exploração psicanalítica dos corpos tatuados conduz-nos à significação<br />inconsciente, fundada no Eu corporal, no Eu-pele, na relação precoce, nas dificuldades<br />de simbolização, na somatização e nos mecanismos de regressão. A necessidade de<br />exteriorização dos conflitos internos e afirmação da individualidade na pele, o<br />embelezamento constante de um corpo espetáculo, o controlo de angústias psicóticas,<br />são algumas das funções que o ato de tatuar ou a modificação do corpo podem cumprir.<br />São descritos alguns exemplos clínicos de autores de referência.</p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Jorge Bouçahttps://www.rppsicanalise.org/index.php/rpp/article/view/110Um sonho de ciência2023-04-05T14:18:31-04:00Henrique Vicentehenrique.t.vicente@gmail.comCarlos Farateccfarate@gmail.com<p class="p1"><span class="s1">O presente trabalho explora as fronteiras ténues entre realidade circunstancial e fantasia onírica na tipologia cinematográfica de ficção científica. Partindo de uma breve análise da relação entre psicanálise e cinema, são identificados os elementos que aproximam a psicanálise (como “ciência dos sonhos”) da ficção científica (como “sonho de ciência”) e exploradas as convenções estruturais deste género cinematográfico. Frequentemente, a estrutura fílmica das obras de ficção científica abarca linhas narrativas paralelas que tanto sincrónica, como diacronicamente, combinam dramas individuais, prosaicos e familiares, e eventos grandiosos, fantásticos e alienígenas. Os últimos parecem facultar uma representação onírica das fantasias subjacentes aos primeiros, tornando o filme de ficção científica “paradoxalmente” mais realista do ponto de vista psíquico, ao englobar tanto o comportamento observável dos sujeitos em acção, como a forma como estes podem experienciar, ou representar, internamente/fantasmaticamente os dilemas da sua existência. </span></p>2023-12-31T00:00:00-05:00Direitos de Autor (c) 2024 Henrique Testa Vicente, Carlos Farate